Sunday, December 16, 2007

Afonso



Pois é, nunca mais escrevi mais nada neste blog. A razão seria a falta de tempo ou o facto de não saber o que escrever por estar tão anestesiado com a vinda do individuo. Nasceu a 15 de Outubro com 2340 e 50 cm. Parto natural.


Fui assistir ao parto e fiquei ali especado à espera do seu primeiro sinal de vida. Foi estranho. Um momento único, recheado de emoções por explicar que nem sequer deram para verter qualquer lágrima. Ao contrário do que pensei, não chorei uma única lágrima de felicidade, embora estivesse radiante e a sentir-me como o homem mais feliz do mundo! É na realidade um bebé muito bonito e simpático. Hoje pesa quase seis quilos e mede 59cm. Está a correr bem esta pequena caminhada de dois meses. Já tive o tal momento a sós e não consegui dizer nada... Boa... tanta expectativa para dizer "é verdade... esquece!"


Estou a explodir de vaidade e felicidade. Sinto-me cheio por dentro.... é na realidade uma experiência ímpar....


Obrigado Afonso e obrigado Tânia por tudo o que sinto.
O mesmo dirá a mãe babada e dedicada que parece ter ganho outra vida com a chegada desta prenda.
Mais uma vez obrigado...

Friday, June 08, 2007

A Bandeira foi içada na haste!




É puto!
Parece que acertei à primeira. Embora não perceba nada de ecografias, o que o médico identificou como o instrumento de poder, até eu reconheci de imediato. O resultado é um Afonso. Assim se vai chamar o andarilho. Sendo assim, estou cheio de planos para o descendente. Na verdade, tenho que aproveitar muito bem estes próximos dez anos, enquanto ele não tem a lucidez suficiente para perceber que o pai não é perfeito!
Mais uma vez, se fosse menina, teria que ficar feliz, mas não igualmente... É uma sensação única. Ter um filho homem, é como que tentássemos corrigir alguns erros de gramática num texto, e depois de corrigido, voltássemos a imprimir. É uma nova fotocópia, com mais imagens, conteúdos e gravado num programa mais avançado, que o original... o pai.
Ok, abandona-se o problema gravidez, das lojas de roupa, brincos, relógios, malas, batons, perfumes, mais lojas de roupa, brincos, malas, batons, e recebem-se em troca outros. Problemas do género, “...estava muito bem na minha mão e não tinha bebido nada, quando o carro derrapou e foi embater no jipe da GNR...”, ou “... o gajo é que começou, e eu tive que me defender, agora quanto à cabeça partida, foi ele que escorregou...” ou “...pai, estou perdido no Alentejo e não tenho dinheiro para voltar para casa, bem te disse que não era o 50 Algés que tinha que apanhar para os Amoreiras...” ou “...isso? é do Filipe, achas que eu fumo? É para a mãe dele não ver...”. ou 6 da manhã, casa de banho “... olá, está tudo bem, acho que comi qualquer coisa ao jantar que estava estragada e parei a digestão...”, para não falar na questão da mota aos quinze anos....
Mas acho que aguento, se o meu pai aguentou... santa paciência.
Não se pode dizer que tenha sido uma criança muito difícil de aturar. Não era pedinchão, mal educado ou violento. Espero que o vindouro não seja tudo o que não fui. Sei que não terei hipóteses de lhe dar um terço do que o meu pai me deu, eram outros tempos, mas outros tempos também virão e em doses certas tudo se arranja.

Aguardo ainda mais impaciente pelo tal momento a sós com ele...

Sunday, May 13, 2007

The piano

Já lá vai o tempo, em que entrei numa sexta-feira à tarde no amoreiras e assisti de boca aberta a este filme, completamente sozinho e com a sala só para mim. Acendi um isqueiro e escrevi num modulo de autocarro as notas da música para mais tarde poder tocar em casa no meu piano. Ainda hoje a versão que toco é em quase nada diferente da primeira vez que a toquei, lida com o modulo à frente...


Friday, May 04, 2007

Vou mesmo ser pai!

Não, ainda não sei se é menina ou menino, mas estranhamente, cada vez menos me preocupo com o resultado. Acho que já gosto o suficiente dele ou dela, para me preocupar com a sua verdadeira natureza sexual. Só daqui a duas semanas é que vou ver saber o veredicto. É impressionante como é que uma coisa tão pequena, com forma de barriga exterior, é capaz de mexer comigo desta forma. Frequentemente olho para a minha mulher e penso se não seria possível pegar nele ou nela ao colo. A única alternativa é pegar neles os dois ao colo, o que não é de todo fácil. O problema é que a minha mulher acharia estranho as minhas conversas cheias de sons estranhos e caretas mil. Mais, eu e o meu filho não conseguimos ter nenhuma privacidade, pois ela está sempre a ouvir o que lhe digo. Estou mesmo cheio de vontade de estar a sós com ele. Será que vai perceber tudo o que lhe direi? Espero que sim, pois seria o único à face da terra a consegui-lo. Bom, sabemos que já tem estômago e a coluna está muito bem constituída, e apresenta um nariz bem ao jeito do Sr. Pinóquio. Os pés... esses ainda não sei, serão iguais aos meus.... espero.

Thursday, April 12, 2007

MUNDO! VOU SER PAI!

Para aqueles que temiam a sucessão dos Lourenços por acharem que o mundo era pequeno demais para suster quão brilhantismo, vem aí mais um elemento de distração e desorganização, cabeça no ar e sorriso matreiro, para espalhar o caos nos nossos lares, pois já estou cansado e isto não tem sido uma tarefa fácil...



Ao que parece, o indivíduo mede 6 cm e tem 10 semanas de existência, e foi visto pela última vez escondido dentro de uma piscina a nadar de costas…

Ainda não se sabe se é macho ou fêmea, mas a avaliar pelo gosto que tenho pelas mulheres, deve sair uma rapariga. Não é que me faça assim tanta diferença, tem coisas boas, é mais dedicada e normalmente mais certinha. O pior é quando crescem e chegam aos 11 anos, e começam a fechar a porta do quarto às chaves, dando início a uma carreira dedicada a essa sociedade secreta que são as mulheres. De que se defendem? Não sei… dos Machos? Talvez… Têm, ouvi dizer, intenções de governar o mundo e recorrer aos nossos serviços apenas como seres reprodutores… Somos umas bestas!

De qualquer maneira e como estava a dizer, não me importo que seja rapariga, quero é que venha com saúde e pelo menos com os meus pés, que verdade seja dita, são perfeitos!

Na verdade, a ideia de ter um filho não me é assustadora, e se alguma vez tive dúvidas ou medos, experimentem ver pela primeira vez o vosso filho, num ecrã a preto e branco, e a duas dimensões! É impressionante, vê-se o coração a bater e no meu caso, até já punha a mão na boca… o bebé pois está claro!

Ok… tavez prefira rapaz… mas se por acaso tiver uma filha, e se ela um dia venha a ler este blog, “filha, não fiques triste, que o pai compra-te uma mala da Louis Vuitton e uma inscrição no Colégio S. José!”

Um rapaz, faz algum sentido, na medida em que posso delegar algumas funções que até aqui tenho sido eu a fazer… exemplo, cuidar do jardim, comprar a bilha do gás, cuidar dos meus hobbies nauticos, do meu velhinho opel kadett de quarenta e um anos, dos meus aquários, fazer alguns buracos com o berbequim, e discordar de tudo o que eu disser depois de fazer dezoito anos, o que sempre anima as noites em família.

Até porque há uma coisa que me está a incomodar um pouco, dizem que as meninas ficam parecidas com os pais e os meninos com as mães! Não quero de todo imaginar uma bela rapariga igual a mim! Acho que ninguém ainda me viu de bikini e fio dental! Devo ficar um autêntico Leão-marinho de pelo encaracolado, tipo caniche!
Já à mãe até que não me importava, era loiro… mas com uma qualidade que me inquieta, seria óptimo na culinária, o que não me parece ser digno de um Leão-Marinho possante! Mas isso é uma questão a resolver num futuro próximo!

De qualquer maneira estou a meio caminho de ser um Homem realizado! Já plantei uma árvore, fiz um filho, e só me falta escrever um livro!

O resto? Aguardo com tranqualidade…



Wednesday, April 11, 2007

Contas Antigas




DISCURSO DO EMBAIXADOR GUAICAÍPURO CUATEMOC



"Um discurso feito pelo embaixador Guaicaípuro Cuatemoc, de descendência indígena, defendendo o pagamento da dívida externa do seu país, o México, embasbacou os principais chefes de Estado da Comunidade Européia. A conferência dos chefes de Estado da União Européia, Mercosul e Caribe, em maio de 2002 em Madrid, viveu um momento revelador e surpreendente: os chefes de Estado europeusouviram perplexos e calados um discurso irônico, cáustico e de exatidão histórica que lhes fez Guaicaípuro Cuatemoc.



Eis o discurso:



Aqui estou eu, descendente dos que povoaram a América há 40 mil anos, para encontrar os que a "descobriram" só há 500 anos. O irmão europeuda aduana me pediu um papel escrito, um visto, para poder descobrir os que me descobriram. O irmão financista europeu me pede o pagamento - ao meu país -, com juros, de uma dívida contraída por Judas, a quem nunca autorizei que me vendesse. Outro irmão europeu me explica que toda dívida se paga com juros, mesmo que para isso sejam vendidos seres humanos e países inteiros sem pedir-lhes consentimento. Eu também posso reclamar pagamento e juros. Consta no "Arquivo da Cia. das Índias Ocidentais" que, somente entre os anos 1503 e 1660, chegaram a São Lucas de Barrameda 185 mil quilos de ouro e 16 milhões de quilos de prata provenientes da América. Teria sido isso um saque? Não acredito, porque seria pensar que os irmãos cristãos faltaram ao sétimo mandamento!Teria sido espoliação? Guarda-me Tanatzin de me convencer que os europeus, como Caim, matam e negam o sangue do irmão. Teria sido genocídio? Isso seria dar crédito aos caluniadores, como Bartolomeu de Las Casas ou Arturo Uslar Pietri, que afirmam que a arrancada do capitalismo e a atual civilização européia se devem à inundação de metais preciosos tirados das Américas. Não, esses 185 mil quilos de ouro e 16 milhões de quilos de prata foram o primeiro de tantos empréstimos amigáveis da América destinados ao desenvolvimento da Europa. O contrário disso seria presumir a existência de crimes de guerra, o que daria direito a exigir não apenas a devolução, mas indenização por perdas e danos.Prefiro pensar na hipótese menos ofensiva. Tão fabulosa exportação de capitais não foi mais do que o início de um plano "MARSHALL MONTEZUMA", para garantir a reconstrução da Europa arruinada por suas deploráveis guerras contra os muçulmanos, criadores da álgebra, da poligamia, e de outras conquistas da civilização.Para celebrar o quinto centenário desse empréstimo, podemos perguntar:Os irmãos europeus fizeram uso racional responsável ou pelo menos produtivo desses fundos? Não. No aspecto estratégico, dilapidaram nas batalhas de Lepanto, em navios invencíveis, em terceiros reichs e várias formas de extermínio mútuo. No aspecto financeiro, foram incapazes, depois de uma moratória de 500 anos, tanto de amortizar o capital e seus juros quanto independerem das rendas líquidas, das matérias-primas e da energiabarata que lhes exporta e provê todo o Terceiro Mundo. Este quadro corrobora a afirmação de Milton Friedman, segundo a qual uma economia subsidiada jamais pode funcionar e nos obriga a reclamar-lhes, para seu próprio bem, o pagamento do capital e dos juros que, tão generosamente, temos demorado todos estes séculos em cobrar. Ao dizer isto, esclarecemos que não nos rebaixaremos a cobrar de nossos irmãos europeus, as mesmas vis e sanguinárias taxas de 20% e até 30% de juros ao ano que os irmãos europeus cobram dos povos do Terceiro Mundo. Nos limitaremos a exigir a devolução dos metais preciosos, acrescida de um módico juro de 10%, acumulado apenas durante os últimos 300 anos, com 200 anos de graça . Sobre esta base e aplicando a fórmula européia de juros compostos, informamos aos descobridores que eles nos devem 185 mil quilos de ouro e 16 milhões de quilos de prata, ambas as cifras elevadas à potência de 300 , isso quer dizer um número para cuja expressão total será necessário expandir o planeta Terra. Muito peso em ouro e prata... quanto pesariam se calculados em sangue?Admitir que a Europa, em meio milênio, não conseguiu gerar riquezas suficientes para esses módicos juros, seria como admitir seu absoluto fracasso financeiro e a demência e irracionalidade dos conceitos capitalistas. Tais questões metafísicas, desde já, não inquietam a nós, índios da América. Porém, exigimos assinatura de uma carta de intenções que enquadre os povos devedores do Velho Continente e que os obriguem a cumpri-la, sob pena de uma privatização ou conversão da Europa, de forma que lhes permitam entregar suas terras, como primeira prestação de dívida histórica..." Quando terminou seu discurso diante dos chefes de Estado da Comunidade Européia, o Cacique Guaicaípuro Guatemoc não sabia que estava expondouma tese de Direito Internacional para determinar a Verdadeira Dívida Externa. Agora resta que algum Governo Latino-Americano tenha adignidade e coragem suficiente para impor seus direitos perante os Tribunais Internacionais. Os europeus teriam que pagar por toda aespoliação que aplicaram aos povos que aqui habitavam, com juros civilizados."



Publicado no Jornal do Comércio - Recife/PE

Wednesday, March 21, 2007

É Primavera!


Hoje começa a primavera. Não sei se sinto alguma coisa especial mas que não se trata de um dia qualquer, não se trata. Acordei cedo, antes do sol nascer, e foi impressionante o son da multidão de pássaros a cantarem e a berrarem no meu jardim. Não sei se souberam que dia seria hoje, ou se acordaram coincidentemente à mesma hora felizes por ser o início de mais um dia. Para mim, era um dia como outro qualquer, a ida para o trabalho, a escolha da roupa e a reincidente procura das chaves do carro. Mas é primavera e a isso não posso ficar indiferente! Representa o nascimento, a criação, a demonstração de poder da natureza. Como não posso andar por aí a voar e a cantar, até porque seria de certeza um Boing 747 a tentar descolar, venho por este meio receber essa estação do ano, que tantos dizem ser a mais bonita! Bem vinda Primavera…

foto: http://www.casadacultura.org/arte/fot/fotos_maurilio_passari_ultramari/andorinhas_grd.jpg

Wednesday, March 07, 2007

Os nossos anjos da guarda

Em 1975, mais propriamente no dia 1 de Janeiro, nasceu um jovem cachorro de raça Caniche Gigante e de cor preta. O seu destino seria o de dedicar a sua vida à família Lourenço. Foi em Março, que após um processo muito complexo de tomadas de decisão, os meus pais, na altura sem filhos, resolveram comprá-lo numa loja de animais do então novo Centro Comercial de Alvalade. Pela experiência de vida do meu pai, quando em 1960 viveu em Macau, o cão, na altura cachorro, viria a ser chamado de “Saiko”, que significa em Chinês, pequeno. Quando tudo apontaria para uma vida a três, a mãe, o pai e o cão, eis que viria a notícia da vinda de um novo membro… eu. Nasci no dia 9 de Dezembro desse ano.

Foi na realidade uma aventura impar para mim e para o Saiko, a infância, que ambos percorremos, com apenas onze meses e oito dias de diferença, sem que nem por um dia nos tivéssemos separado. Dizem que na praia, seria sempre o cão a tomar conta de mim, sempre atento às minhas investidas pelo mar dentro, à semelhança do Mogli, o rapaz da selva. Foi um companheiro inesquecível, e para o meu pai, um anjo da guarda, a sua sombra e cofre de confissões. Assistia mudo a tudo, ás tristezas e alegrias, aos desesperos e sinfonias. Muitas vezes recordo a fúria com que o meu pai ficava, quando o cão tropeçava nas suas pernas, pois isto de ser sombra tem muito que saber. Era um cão exemplar, astuto, com uma inteligência prática impar. Buscava a toalha para tomar banho ou a colher de pau para pedir comida, e sempre que ia à rua ladrava ao senhor da churrasqueira, para tocar à campainha do primeiro andar esquerdo da Rua Duarte Pacheco Pereira. Uma vez foi roubado e esteve cerca de cinco dias desaparecido, tendo conseguido fugir de alcatraz, e voltado através do seu GPS sofisticado montado na mira dos seus olhos, para casa, num estado físico de batalha, com menos uns quilos e de língua cansada. A História, só ele é que a sabe, mas o dia de regresso foi sem dúvida muito feliz.

Achei importante lembrar esse autêntico anjo de quatro patas que em muito enriqueceu esta família, e que nos deixou um vazio aos onze anos de idade, vítima de doença prolongada…

Só mais tarde é que eu vim a perceber o meu pai, como em tudo na vida, quando se enfurecia com a sua própria sombra, quando em 2004, no dia 2 de Junho, fiz 500 quilómetros para ir buscar, ou salvar, aquele que viria a ser até hoje a minha primeira experiência paternal, o meu cão, de nome Tomás e de raça Labrador, de cor preta.
São únicos os momentos que até hoje este amigo me tem proporcionado, e é quase que comovente a dedicação que este nos tem dado. É muito alegre, aliás, de mais, e carente, sempre à espreita de uma oportunidade para uma festa ou para um lugar no trono do reino dos sofás. Para nós, família e amigos, é um super cão, para outros, e principalmente estranhos que tentem entrar ou espreitar para dentro do seu território, é um autêntico “Fuzileiro” de guarda.
Andou na escola de treino e passou sempre com distinção todos os desafios propostos. Não fosse um problema de tendinite e ainda hoje saltaria obstáculos e demonstraria obediência com muita vaidade. Tem um lugar muito especial na família e dou graças aos Deuses por mo terem enviado…
...o meu anjo da guarda… Tomás.

Tuesday, March 06, 2007

Discus - A Paz de Alma


À medida que as nossas sociedades evoluem, e com elas o nosso ritmo de vida, é cada vez mais frequente a busca de elementos que nos tragam paz, e nos ajudem a relaxar para que possamos encarar todos os nossos desafios quotidianos.
Uma aquário é sem dúvida, não só um elemento de decoração, como uma forma de fuga a todo o caos a que estamos sujeitos todos os dias. A possibilidade de trazer e manter um ecossistema para os nossos lares, faz da aquariofilia um desafio diário.
Estima-se existirem cerca de 20,000 a 30,000 espécies de peixes no nosso planeta. Certamente um dos seres mais interessantes para os aquariofilistas, pertencente ao género Symphysodon, da família dos ciclídeos, é o Discus.
Os Discus têm conquistado os aquariofilistas de todo o mundo, não só porque representam um desafio em termos de reprodução como oferecem uma beleza ímpar, fruto de uma extensa panóplia de cores fabulosas aliadas a um temperamento calmo e inofensivo para um peixe do seu tamanho. Os Discus são originários do rio Amazonas, na sua maioria do Brasil, mas também da Colômbia e Peru. Embora a distância entre estes lugares seja bastante grande, as características da água são muito parecidas, rica em ácidos húmicos, pobre em minerais, resultante de decomposição de matéria vegetal, arrastada pelos cerca de cinco milhões de quilómetros quadrados de água que se estendem ao longo desse gigante ecossistema chamado Amazona. Na natureza existem algumas variedades de padrões de cores desta espécie, mas devido à mão do homem, este leque é hoje muito mais vasto, fazendo a maravilha dos mais entusiastas, como podemos observar nas fotografias. Como já referido, os Discus são peixes bastante tímidos e calmos, transmitindo a quem os observa uma verdadeira paz de espírito contagiante. Para que possamos assegurar um ambiente considerado ideal para estas criaturas nos nossos lares, existem algumas considerações básicas a ter em conta. Uma das regras chave de toda a aquariofilia em geral, é o de tentarmos reproduzir o mais fielmente as condições químicas e físicas existentes no próprio meio ambiente de orige3m dos nossos peixes. Para manter estes seres, temos que ter em consideração algumas propriedades químicas da água, características do seu habitat natural, devendo ser observado para espécies selvagens, um PH (nível de acidez) que pode variar entre os valores de 4,5 e 7,2, considerando uma média de 6 a 6,8, um GH (Dureza Total) de 3 a 4, um KH (Dureza de Carbonatos) de 0,5 a 6 graus, e por fim uma temperatura de 28 a 30 graus centígrados. No entanto, os Discus comercializados na Europa, que são normalmente oriundos de criadores do Sudoeste Asiático e muitos deles “reacondicionados” por especialistas europeus, principalmente na Alemanha, já toleram as características das águas da rede pública, podendo por vezes serem necessárias algumas pequenas alterações.


O facto destes peixes poderem chegar a atingir em cativeiro cerca de 24 cm de diâmetro, dever-se-á ter em conta uma quantidade de 200L de água para cada quatro exemplares.
Uma boa filtragem e uma regular muda de parcial de água dos nossos aquários, são condições consideradas também fulcrais para um crescimento saudável dos Discus. Todos estes requisitos são hoje possíveis de alcançar graças ao avanço tecnológico e conhecimento científico, que o homem foi desenvolvendo ao longo destes últimos anos de contacto com esta espécie.
As lojas especializadas em aquariofilia, oferecem hoje, não só um sem número de produtos que tornam possíveis resultados bastante positivos, como também um bom nível de conhecimentos que os ajudará certamente a alcançarem os seus objectivos.
O melhor condimento para um aquário de sucesso continua a ser a experiência e dedicação.
A reprodução em cativeiro destes peixes é hoje cada vez mais vulgar, e é sem dúvida uma experiência impar para quem a alcança. É impressionante a dedicação e a entrega que um casal de Discus dá aos seus recém nascidos alevinos, que podem chegar aos 300 em número, sem que por isso os pais deixem de os tratar e alimentar convenientemente.
É por questões como esta que temos que aprender mais com a natureza, porque afinal de contas, de Discus temos muito pouco.



Fotos retiradas de http://www.akvaryumsehri.com/Page/R_Discus.html

(Publicado por Pedro Lourenço na revista "Cães & Mascotes" no nº 64 Abril/2005)

Carta a Leonor

“Setembro chegou. Faz hoje exactamente quinze anos que não a via. Por incrível que pareça ainda me recordo dos seus cabelos apanhados, deixando adivinhar a forma singela do seu pescoço, naquela tarde na estação de comboios. Deixou-me, transparecendo apenas um sorriso sem jeito, como que desse por extinta uma cumplicidade que outrora expressava-se em todos os nossos actos. Foi um Verão cheio de risotas e ingénuas promessas que não viriam a ser vingadas, mas que nos davam sustento para um futuro incerto.

Foi insuportável tê-la visto esta manhã. A ironia do destino fez com que nos encontrássemos na mesma estação de comboios. Até parece que estive sentado naquele banco de madeira virado para a linha, à espera dela estes anos todos. Fisicamente está diferente, mais madura, mais forte, mas com o mesmo brilho nos olhos e o mesmo tique impaciente de morder o lábio inferior. Fui o primeiro a reparar nela, quando observava uma banca de jornais de um quiosque. A princípio mantive-me imóvel, com a sensação de que nem conseguiria andar, e com uma falta de ar “sofucante”. No momento em que ia desistir e virar costas, uma voz de semelhança intacta proferiu o meu nome em tom de interrogação. Desta vez fui eu que fiz um sorriso sem jeito. Sabia que era ela, mas virar-me seria como que aceitar de novo o sentimento, hoje descabido, de um jovem que está apaixonado pela primeira vez. A Leonor nunca foi muito segura dos seus actos, mas coragem nunca lhe faltou e voltou a repetir o meu nome.

Sabendo que à minha volta não encontraria uma situação de camuflagem, fechei os olhos e virei-me, ficando sem graça a olhar para os seus pés, como se tivessem sido eles que me tivessem chamado. Aproximou-se e sorriu. Conseguia identificar o seu cheiro no meio de tantos outros que naquele local divagavam. A Leonor sempre usou o mesmo perfume que misturado com a sua pele, tornava-se impar no universo de odores deste mundo.

Finalmente levantei o olhar e encarei aquilo que viria a ser uma conversa sem nexo, cheia de emoções por explicar e de gestos mímicos, feitos apenas por nervosos sorrisos ou olhares. Tem dois filhos, está divorciada e continua a viver em Castelo Branco, onde abriu uma loja de decoração para a qual faz algumas peças. Não é de admirar, pois sempre teve um excelente sentido criativo. Recordo as brincadeiras que inventava e as molduras ou bonecos que produzia através de aparentemente nada.

Eu sabia que podia trocar contactos, mas não o quis fazer.

A Inês é a mãe dos meus filhos e eu respeito-a. Mas ter visto hoje a Leonor, foi como que um impulso que me fez acreditar em promessas e risotas outra vez. Sabia que não a veria mais. Pelo menos nos próximos quinze anos, onde quem sabe talvez nos encontrássemos em qualquer outro Setembro.

Aqui, deitado em cima dos brinquedos do quarto do João, sinto-me confortavelmente protegido.

As persianas estavam semi-abertas, deixando entrar finos raios de luz de cores muitas. Acho que devo ter adormecido, pois nem reparei que ao meu lado, dormia o meu filho agarrado ao meu dedo. Seriam umas duas da tarde, e o cheiro a comida era já evidente pelos corredores da casa. Ensonados ajudámo-nos a adivinhar o caminho até à sala de jantar. Poisei o João na cadeira e sentei-me no sofá a recuperar os sentidos.
Uma voz de semelhança intacta proferia o meu nome em tom de interrogação. Era a Inês. Enquanto punha a mesa, repetia o meu nome vezes sem conta, mordendo o lábio inferior de nervosismo.

Foram precisos quinze anos para que, só hoje, tivesse reparado neste pormenor na Inês. Acho que devo ter adormecido, pois só agora me apercebi que ao meu lado tinha muito mais do que incertas promessas, mas sim um futuro ingénuo, como que conduzido pela mão de uma criança.

Desculpa Leonor…”

Friday, February 16, 2007

As mais experientes


Muitas vezes questiono a razão para a qual é que as mulheres são tão inteligentes! A sua capacidade de imaginação ou conclusão avançada é maravilhosa, uma verdadeira dádiva da natureza. Na realidade somos bastante limitados. Para nós o dia a dia é um exercício de simplificação. Acordar, comer, conduzir, entrar no posto de trabalho, almoçar, sair do trabalho, conduzir, comer, dormir. Esta é normalmente a nossa grande preocupação. Elas, inteligentes, acordam e stressam com as horas, stressam com as roupas que as tapam, ou a maior parte das vezes, as revelam. Não comem porque é pecado, e o café e o bolo “seco” (de tudo), substitui os condimentos principais. Conduzem, mas stressam com o trânsito, têm frio, a música está muito alta, têm calor, e a estrada tem demasiadas curvas. Chegam ao trabalho e vão direitas ouvir o menu de fofocas do dia. Começam a trabalhar dizendo que o dia já vai correr mal pois estão cheias de dor de cabeça. Telefonam aos respectivos e culpam-nos das trafulhices das colegas de trabalho. Almoçam uma sopa, uma sandes de queijo fresco, e uma mousse de chocolate, para não engordarem. Vão trabalhar e começam por dizer que estão melhores das dores de cabeça, mas que a sopa lhes caio mal! Trabalham, saem mal dispostas com a tarde de trabalho, pois o patrão estava mal disposto também, o que como todos sabemos, pega-se. Vão até ao carro, batem com a porta no carro do lado. Stressam com o trânsito, têm frio, a música está muito baixa, têm calor, e a estrada tem demasiadas curvas. Chegam a casa, comem uma sopa e um bocadinho de chocolate. Stressam com o frio, com as horas e não conseguem dormir. Todas estas sensações nos passam ao lado, porque não somos suficientemente inteligentes para as perceber! A vida é muito mais rica do que podemos supor e os dias podem deixar de serem vazios para se tornarem mais ricos!

Thursday, February 15, 2007

Os valores estão completamente invertidos



Na escola eu era obrigado a andar nos corredores pela direita, o que nada me custou, e a não correr que nem um louco pelo edifício. Tinha apenas seis anos. Não me considerando muito inteligente, a mensagem foi bem entendida, e nem eu, nem outros tantos, transgredíamos estas regras. Hoje, fico estupefacto com a facilidade de certas crianças em evolução física avançada, usarem as suas viaturas para fazerem um teste de probabilidades. "Se eu for nesta rua de Lisboa a 100 km/h, a probabilidade de atropelar alguém é mínima, talvez uns 5%...". Mais… são campos de batalhas, de demonstrações de gladiadores, mais rápidos e mais fortes, e com um vasto conhecimento de disparates para serem ditos ao inimigo.

Há uns dias, foi confrontado com aquilo que sempre acharia impossível. Circulava na segunda circular, na faixa esquerda dos gladiadores, e uma senhora de idade bastante avançada, com os olhos colados ao vidro da frente, resolveu mudar de faixa, sem qualquer sinal de pisca, fazendo com que eu travasse quase a fundo para evitar o pior. Apitei e ela desviou-se. Quando passava por ela, descobri que se tratava de um piloto experiente da Força Aérea do Lar de Santa Teresinha das Altas Montanhas da Colina do SOL (F.A.L.S.T.A.M.C.S.), a avaliar pelo F-16 carregado de bombas, que esta senhora me mostrou saber representar com os dedos da sua mão direita, e que exibia fazendo movimentos que só um Ás mais experiente poderia executar! Bom, se calhar até não estou a ser justo e esta senhora sofria de alguma espécie de artrose, que lhe tivesse apanhado o dedo da discórdia e que tivesse colocado este sempre numa posição firma e hirta, causando o terror na estrada a todos os condutores…

Será que sempre foi assim? É moda? Estou desactualizado? Sou novo de mais?

Rapidamente imaginei a mesma, com uma perna flectida encostada a um prédio qualquer, a enrolar uma “gansa” e a cuspir para o chão, a discutir com a Dona Maria do Carmo, ou “Calé” para os amigos sobre o acidente da Dona Maria Emília Cajó!

Eu pergunto, se não são as nossas avós as nossas Instituições de Valores, a quem é que foi entregue essa tarefa? Aos mais jovens? Os jovens hoje são todos empresários, pois todos têm “Cotas” em casa. Os pais são vistos com acções da bolsa, e as suas leis e conselhos, “cenas out”, desactualizadas. O pior é que ainda não vi a nova legislação juvenil expressa ou por outra, impressa em nenhum sítio. São normas espalhadas pela “net”, corredores de escola, bancos de jardim, becos do bairro ou arcadas de prédios. São cada vez mais “Espertinhos”, sabem tudo e não necessitam das suas “Cotas” sociais para decidirem o seu dia a dia. Qualquer dia, voltamos à idade média, onde os reis e governantes tinham apenas doze ou treze anos! Devia ser lindo! Um debate entre o puto Marcelino Rebelo de Sousa e a chavala Judite de Sousa, ambos irmãos como sabem…

(Judite) –“Meu, o que é que achas desta cena das gajas tirarem os bebés?...”
(Marcelino) – “Sei lá isso é com elas…”
(Judite)- “Népia, aquela cena acho que pode matar!”
(Marcelino)- “Achas?! Alguma vez? É verdade, pede ao teu colega “puto C note” o “Need For Blood” da “PS7” para eu jogar uma “beca”…”
Pois é, está tudo invertido e sinceramente não sei se vou conseguir, contrariar este efeito de rotação de valores, aquando tiver um puto, pois nessa altura sou uma “Pai Lda”. Cuja maioria das “Acções” são da inteira propriedade dele, meu filho…

Wednesday, November 08, 2006

Past and left overs...


Esta noite dormi do lado da cama que conseguiste conquistar. É uma luta de territórios, ganha normalmente por ti, e que é por mim lembrada como se fosse uma cerimónia de embalar. Era ainda evidente o teu cheiro espalhado pela cama. Por curtos instantes acho que senti o calor dos lençois por ti deixado ontem de manhã(...)acordar agora, era como que desse por inacabado um conto para crianças, e deixado aquele pequeno ser de olhos fixos nos meus lábios, ainda mais confuso e sem lugar onde dormir(...)“peguei na criança e deitei-a do teu lado. Em segundos fechou os olhos e dobrou-se da maneira mais defesa que conseguiu...”

Chalenge...


"Duas noites sem dormir ao lado de outras duas garrafas cançadas e vazias de lágrimas.
O calor tornava-se agora a única sensação que me trazia ao mundo terreno. Cheiros muitos, confundiam-se na sala, e uma estranha criatura felina aninhava-se a meus pés.
Tudo parecia um prenuncio de perda, de tempos difíceis que marcam e que lacram as lembranças a cor tinta à moda feudal.

Tudo começou num dia em nada diferente aos outros.

-Tem uma chamada para si no seu gabinete Doutor, não disse quem era mas parecia a voz de uma senhora.-
A Lena sempre foi muito ironica, e sei que aquele “uma senhora” trazia um sabor arrogante e acusador na voz.
-Pode deixar, eu atendo mesmo aqui no corredor. Passe-me a chamada por favor.

Era a Sónia, uma antiga amiga minha que por destino se tornou numa daquelas confusões certeiras numa noite de copos em cascais e que acabou na manhã seguinte num apartamento algures nos campos martires da pátria, com um pacto de fidelidade aos laços de longa data e um prometido esquecimento do que se tinha passado. Não a via desde então e tentava perceber pela voz os anos que tinham passado e as marcas que tantas outras noites lhe teriam deixado. Combinámos uma café na quinta-feira à noite, na esplanada da graça, estipulando um desafio mesquinho de dois ex-adolescentes no periodo de ciu e para quem a vida ainda continha muitas supresas.

Passei o dia todo a imaginar o encontro e principalmente o resultado do encontro..."

Saturday, October 21, 2006

The Silence


É no silêncio que temos os nossos sentidos num estado mais apurado. É no silencio da noite, que revelamos os nossos mais ferozes medos, e inventamos as mais tenras desculpas para faltas que tenhamos cometido ao longo dos nossos dias. Tentamos por vezes apagar ruídos passados, que nos vincam como se de rugas se tratássem. Assim, e porque momentos como este da foto, só existem nos nossos sonhos, seria bom que a procura do silêncio não se faça apenas por debaixo dos nossos lençois, mas sim durante todos os nossos dias, para que sejamos criaturas mais sensatas e genuínas. Quebrei o meu silêncio...

Tuesday, October 10, 2006

Only a Coincidence

"Continuei a andar sem olhar para trás, mas algo me dizia que iria ser uma tarde longa...

Sentei-me na esplanada. Como eu adoro estas tardes solitárias de leitura e observação. Pedi um café e uma garrafa de àgua, e começei a desfolhar uma revista que tinha comprado no caminho. Era uma daquelas revistas com muitas fotos e letras gordas, que dizem exactamento o mesmo que o título com mais algumas invenções e pontos parágrafos. Acendi um cigarro e ajeitei a cadeira de forma a encontrar a sombra.

Não era a primeira vez que exercia esta rotina, mas parece que que naquela tarde sentia-me meio desconfiado com o que o destino me poderia revelar. Enquanto lia olhava vezes sem conta para trás como que um grito surdo me estivesse constantemente a chamar. Com algum espírito de aventura e exagero, resolvi pedir uma sangria branca, assinando um acto snob e libertino. A sangria estava péssima, muito doçe, mas o gelo estava perfeito e entretime a dar cabo do esmalte dos dentes, causando impressão a quem me rodeava. À minha frente estava um casal de “bifes” daqueles com 2 metros de altura e cor de salmão. Ele bebia uma cerveja, que brevemente faria companhia a outras quantas vazias espalhadas pela mesa. Ela loira, magra, de olhos azuis, lia uma daqueles livros sobre sintra, como se estivesse a ler um românce de Richard –bach. Ao meu lado, não muito chegados estava um grupo de três raparigas, de fabrico nacional, que pertenciam a uma espécie de sociedade secreta e tinham todas o cabelo encaracolado e mala de pano à “tira colo”. Bebiam coca-colas e apenas uma, certamente a líder, fumava. A conversa estava animada e estes seres riam-se como perdidas, com uma revista que uma delas tinha trazido. Não consegui ver qual era, mas pareceu-me qualquer coisa de mulheres. A trás de mim, estava um indivíduo dos seus cinquentas e muitos anos, barba branca e óculos cansados, que lia o jornal e bebia uma imperial. Ao seu lado estava um cão, rafeiro e de tortas porporções, que se enrolava por debaixo da cadeira de pano, com a cabeça deitada nos chinelos do seu dono.
Era neste ambiente de sons variados, que me concentrava para ler a minha última aquisição.
Não passava muito das quatro da tarde, e o sol teimava em se desviar de mim, dando lugar a uma luta desenfreada pela tutela da sombra e do fresco. Foi então que uma mão se percepitou e se estendeu à minha frente.

-Então tudo bem?- Disse uma voz, jovem mas com algum receio.

Virei-me e revi em fracções de segundos todas as caras que conhecia, e sem chegar a nenhuma conclusão. Era um jovem alto, moreno, bem parecido, com vestes desportivas, e com uma cara, que realmente não me era estranha, embora desprovida de identidade. Repliquei.

-Tudo... não estou agora a ver quem é?- Disse com um sorriso meio discreto.
-Pensa lá bem?- Começando uma espécie de desafio.
-Sinceramente...? a cara não me é estranha, mas vais-me desculpar mas não estou a relacionar com nada...

Enquanto respondia ao indivíduo, este sentou-se sem pedir permissão, e fez sinal ao empregado. Naturalmente estou tramado. Pelo ar do inegrume parecia que ía ficar. Se calhar era uma daquelas testemunhas de Jeová, que se fazem muito amigas, e quando damos por nós, acordamos na marginal, nús e sem um mamilo ou uma orelha.


Alentejo... diz-te alguma coisa- apressadamente interpola-se e desculpa-se...
-Espero que não te importes que eu me sente...
“Sim, importo-me e quero que vás fazer amizades para a expo”- pensei eu...
-Não claro! Estás à vontade!- Disse com sorriso forçado
-Como eu estava a dizer, alentejo diz-te alguma coisa?- e esbuçou um sorriso.
De repente fez-se luz e Zássssss! Descubri!
-Ricardo! Acertei?!?!
-Exactamente! Vês eu sabia que ias lá....- acendendo um cigarro.
-O que é que é feito? Há quanto tempo!
-Por ai, nas aventuras que a vida me reserva...
-E os cavalos?
-Lá estão. Temos agora dois garanhões lusitanos. E tu..? nunca mais lá foste! Já não gostas de cavalos!- inclinando-se para trás na cadeira.
-Não, não é isso, é que a redacção ocupa-me muito tempo. Para além disso, passei uma fase um pouco complicada. Estou-me a separar da Inês...
-Isso é que é pior...!

O Ricardo era o tratador de cavalos, filho do caseiro, e conhecia-o desde muito novo. Era quem cuidava dos estábulos, e era considerado família, pela tia Ana. A avaliar pela maneira como a tia Ana se referia a ele, estou convencido que o pai dele e ela tinham tido uma paixoneta à antiga, à moda doutros tempos. "

Monday, October 02, 2006

A Walktrought by a man´s path



Passes of my memory. All that i´m proud of not having done and the left overs of my memory....

“Outrora, quando ainda vivia num mundo de ilusões e pareceres diminutos, achava que a vida se resumia a uma rotineira paisagem de Outono. Cada folha caída, cada ramo devastado, eram como que um quadro sem assinatura, exposto diante mim, para que pudesse mais tarde recordar sem penuria, um todo á vista de um pormenor de um retrato. A vida ensinou-me com dureza, a revelar cada segredo sussurado, cada expressão emitida, cada olhar evitado, como pergaminhos de reinos antigos, nos quais podemos sentir a dor e a pobresa dos nossos antepassados ancestrais.”
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